Liberdade Geográfica

O ano de 2020 mudou a forma como pensamos, agimos, viajamos e vivemos. Limitou nossa liberdade de ir e vir. Essa mudança em nossa rotina nos forçou a pensar diferente para continuarmos em movimento.

Nossa capa ilustra exatamente isso, conectando-se com o mundo, vivendo e pensando fora da caixa.

Estreias são sempre um desafio, e escolher quem estaria na primeira matéria de capa da Revista BeyondUs  não foi diferente. Queríamos um assunto que pudesse expressar essa conexão com o mundo, pessoas com experiências reais, uma mente aberta e, acima de tudo, que tivesse uma conexão significativa com nossa realidade atual. Giuliana e Elton, o “Fora do Casal Caixa” representam tudo isso.

Eles viajam pelo mundo de uma maneira diferente da maioria das pessoas, com “acomodação gratuita”, criando um forte vínculo com pessoas e lugares. Eles visitaram mais de 30 países, dezenas de cidades e experimentaram a diversidade de culturas ao redor do mundo.

Se a vida é uma jornada, eles literalmente embarcaram nesta jornada e fizeram de algo prazeroso um estilo de vida. “Às vezes até nos beliscamos e estamos sempre agradecendo a vida que conseguimos levar, depois de termos percorredo um longo caminho, é claro! Olhando para trás, é meio óbvio onde chegamos e como chegamos aqui, afinal, reunimos tudo o que sempre foi importante para nós, a ponto de não saber mais quando se divertir ou trabalhar”, declara o casal, satisfeito com o que eles conseguiram.

Como tudo começou

O processo começou com um imenso desejo de colocar em prática o que estava no nível das ideias, associando suas paixões e o custo financeiro que isso teria.

“Sempre fomos apaixonados por viagens e nosso ano girava em torno da preparação para nossos ansiados por feriados! A cada ano, tentamos estender esse período ao máximo. Moramos em São Francisco-CA há alguns anos quando Elton foi transferido pela empresa para a qual trabalhava. Desde então, mudamos muito como pessoas e não pertencemos a um lugar. Ao voltar para o Brasil não podíamos mais nos sentir em casa, algumas coisas estavam faltando e descobrimos que essas coisas estavam no mundo! “, diz Giuliana.

Essa sede por novos lugares mudou completamente o estilo de vida do casal. “Quanto mais explorávamos novos destinos, mais éramos moldados a eles e isso nos fazia parar de nos encaixar nos moldes antigos. Isso nomearia ainda mais o nosso canal, que sem muito pensamento surgiu como algo óbvio, Casal Fora da Caixa. Nós nos sentimos assim por anos, fora da caixa, fora de um padrão comum de vida.”

Do sonho à realidade

Giuliana, que é jornalista e também estudou marketing digital, foi a mentora desse projeto de vida. Inicialmente, a ideia era documentar as experiências do casal durante a viagem e criar um blog para se conectar com pessoas que apreciam esse estilo de vida.

Elton já trabalhava em casa para uma multinacional, na qual tinha um emprego fixo, mas trabalhava na Europa, Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos, ou mesmo no Brasil, enquanto Giuliana produzia conteúdo para canais online.

“Para resumir a história, começamos a nos profissionalizar no canal, abrimos uma empresa e desenvolvemos cursos online para quem busca formas mais eficazes de viajar. Naquela época, já estávamos hospedados de graça nos melhores destinos do mundo, com toda a casa à nossa disposição, muitas vezes até mesmo com um carro na garagem. Em troca, fizemos um favor aos proprietários da propriedade, na maioria das vezes cuidando de seus animais de estimação enquanto viajavam. “, diz Giuliana.

Assim nasceu o “Casal Fora da Caixa”, que hoje é a maior referência do Brasil nesse modelo de viagem, com um método de economia colaborativa, ensinando qualquer pessoa a viajar da mesma forma, com conforto, segurança e economia. Hoje, após anos de experiência itinerante, gastam menos para viver nos destinos mais cobiçados do mundo do que gastaram no Brasil. “Nós, assim como nossos alunos, conseguimos economizar mais de 90% do que um viajante médio, usando formas mais inteligentes de acomodação, passagens e outras despesas de viagem, e o mais interessante é que quando você faz o que gosta, o universo conspira a favor e tudo se encaixa. Hoje vivemos exclusivamente de nossos canais e da venda dos cursos online que criamos.” Comenta Giuliana, orgulhosa do resultado.

O que no início era viver na estrada acabou se tornando a realidade do casal que não trocaria esse estilo de vida por qualquer outro porto seguro.

Covid-19 e viajantes

A pandemia interrompeu os planos de milhares de pessoas, tornando impossível para eles viajarem e o casal fora da caixa estava exatamente na China quando o vírus foi anunciado ao mundo. Uma experiência completamente diferente entre muitos que o casal já havia experimentado.

“Estávamos no país há mais de um mês e ainda faltavam cerca de 20 dias para deixar a China. Nossa estadia era perto de Xangai, cuidando de um cachorrinho chamado Coco e vimos uma cidade de mais de 20 milhões de habitantes, literalmente parando durante a noite.

O dono da Coco estava de férias em Londres e nos contatou no mesmo dia, dando-nos a opção de sair mais cedo. No início, dissemos que não, já que nos sentíamos seguros no apartamento dela, afinal, não havia mais ninguém nas ruas”, diz Giuliana.  No entanto, alguns dias depois, os anfitriões que os haviam recebido anteriormente em Pequim, aconselharam-nos a deixar o país o mais rápido possível. Eles tinham acabado de chegar em um voo da Itália quando foram informados de que este seria o último voo, o espaço aéreo da Europa para a China seria fechado. Coco foi entregue à governanta e Giuliana e Elton pegaram o primeiro voo de Xangai para Bangkok. A Tailândia era um dos poucos países que ainda aceitavam voos da China. “Foi um sentimento que nunca esqueceremos. Um dos maiores aeroportos do mundo, vazio, e quase todos os voos na tela foram cancelados.

E o medo do nosso também ser cancelado e não poder sair do país? Não pudemos acreditar quando embarcamos em um avião quase vazio em direção a Bangkok”, diz Giuliana, aliviada.

Chegando no paraíso

A Tailândia é um destino que está no sonho de muitos e não foi diferente para o casal fora da caixa. O país estava no topo de sua lista, mas eles nunca imaginaram que seria visitado assim, de uma forma tão dramática. “Pensamos que seria emocionante chegar lá, mas nada poderia superar o sentimento que sentimos quando pousamos no aeroporto de Bangkok. Foi o maior sentimento de liberdade que tivemos até agora! Ser capaz de respirar sem máscara (ainda não havia quase nenhum caso confirmado fora da China), caminhar pelas ruas movimentadas, sentar-se em um restaurante para comer Pad Thai, nadar na Ilha Phi Phi e outras ilhas paradisíacas. Tínhamos certeza de que a Tailândia seria inesquecível, mas nunca poderíamos imaginar o quanto!”, relataram. A verdade é que sempre que você viaja, as experiências que você tem são levadas de volta em sua bagagem. No caso de Giuliana e Elton, o país que é conhecido por ser ‘A Terra dos Sorrisos’  terá um lugar um pouco mais especial nas memórias, foi o país que os acolheu em um momento de tantas incertezas.

Viajando pela pandemia

Até aquele momento eles não podiam imaginar que o mundo inteiro experimentaria este caos. Por algumas semanas o casal ainda conseguiu viajar normalmente, evitando países com mais casos. Eles passaram duas semanas na Tailândia e depois foram para Bali, na Indonésia. No período em que estiveram em Bali, não houve casos registrados de vírus. Embora quase não houvesse turistas, tudo ainda estava aberto, restaurantes, passeios e atrações. Até abril, as viagens ocorria normalmente na Ásia. Mas o mais difícil ainda estava por vir.

“Tivemos uma acomodação gratuita de longo prazo confirmada desde 2019 em Cancun, no México, a partir de maio não queríamos perder essa oportunidade, especialmente em meio a uma pandemia global. Era nossa chance de ficar em um lugar celestial, esperando até que o mundo voltasse ao normal. Mas como chegaríamos a Cancun da Ásia, com todos os voos sendo cancelados?”, diz Elton.

O casal decidiu deixar Bali e voltar para Bangkok, um dos maiores hubs do mundo, com mais possibilidade de voos. No entanto, dois dias depois de chegar ao país, seu espaço aéreo havia sido fechado para voos internacionais. E surgiu uma nova preocupação.

Mas viajantes profissionais também têm milagres de tempos em tempos. “Felizmente para nós, o governo brasileiro enviou ajuda para resgatar brasileiros presos no Sudeste Asiático. E lá fomos nós, embarcamos em um voo de repatriação de 32 horas (sem conseguir sair do avião) com cerca de 300 brasileiros, mas voltamos para a terra! Como bônus, ainda poderíamos ver nossas famílias antes de nos separarmos para o México. Viajante é ou não um ser abençoado?”, conclui Giuliana.

O casal passou uma semana no Brasil e depois continuou a caminho de Cancun, onde permanecem até hoje. Dizem que se há uma lição que aprenderam com essa pandemia é que a liberdade geográfica lhe dá poder. Quando tudo parece perdido em um só lugar, o caminho é ir para outro destino e ainda escolher onde ficar.

A experiência viveu anos viajando. Confira abaixo mais algumas das histórias fantásticas do “Casal Fora da Caixa”.

Esperamos que em um futuro próximo tudo melhore, mas até que isso aconteça, é necessário se adaptar. O que você sugere neste período de restrições?

Sugerimos o que já havia sugerido antes da pandemia: ser flexível em suas viagens (assim como em outros setores da sua vida), relacionados a destinos, datas, voos e tudo o que envolve essa experiência.

Como Robert Louis Stevenson já disse: “Eu viajo não para qualquer lugar, mas para ir. Viajo por causa da viagem. O grande caso é se mover. Todo viajante, para o bem ou para o mal, acaba aprendendo essa lição.

Quando você aprender a ser flexível, você vai desfrutar muito mais das oportunidades que surgem no meio da viagem; você vai descobrir novos lugares, conhecer novas pessoas, viver novas experiências e fazer uma viagem muito mais rica.

Aprender sobre novos lugares e pessoas é se conectar com o mundo. De tudo o que você viu e viveu, quais foram os momentos mais impressionantes?

É difícil escolher entre os muitos momentos que já experimentamos ao redor do mundo, mas vamos para os que vieram à nossa mente primeiro. Um momento que nunca esqueceremos foi durante um safári na África quando nos deparamos com uma família de elefantes. Estavam todos atravessando a estrada quando nos aproximamos com o jipe. Nós já sabíamos que isso seria perigoso, especialmente se houvesse mães com seus bebês.

Aqui vamos deixar uma dica para quando você for em um safári: nunca divida uma família de elefantes. Fique longe e espere o máximo que puder para que todos no rebanho cruzem e sigam seu caminho. Se você parar no meio da família, onde cada parte é para um lado, eles se sentirão ameaçados e poderão atacá-lo, especialmente se houver algum filhote.

Apesar de esperarmos a família passar, já estávamos muito próximos quando nos deparamos com o rebanho. Um elefante veio em direção ao nosso jipe rugindo, balançando as orelhas (isso também não é um bom sinal) e jogando sujeira no jipe, deixando claro que ele não estava feliz com nossa presença lá.

Um elefante matriarca assim, com mais de 6 toneladas, poderia facilmente rolar nosso jipe com 8 pessoas como se estivesse chutando uma bola. Todos nós ficamos paralisados e mudos. Ela só estava nos avisando para não ameaçar seu filhote.

Foi tenso, mas bonito de se ver. Elton gravou toda a cena, as mãos devem ter tremido, mas essa bela experiência está registrada, não só no celular, mas em nossas memórias para sempre.

Outra experiência que nunca esqueceremos foi na China. Estávamos em uma loja procurando um cartão SIM na internet, não podendo falar mandarim e os chineses na loja não podendo dizer uma palavra em inglês.

Graças a Deus hoje em dia temos aplicativos móveis para nos salvar nessas situações, mas depois não tínhamos internet. Aqui vai outra dica: use o aplicativo Baidu na China, que funciona muito bem, pelo menos do inglês ao mandarim.

Bem, felizmente, um cliente chinês que estava lá (não, ele também não falava inglês) estava disposto a nos ajudar, mas aquela loja não vendia cartões SIM para estrangeiros. Precisávamos procurar outra loja, mas como chegar lá sem internet, na China, em uma cidade com mais de 20 milhões de habitantes?

Para nossa surpresa, o cliente chinês se ofereceu para nos levar à loja certa do outro lado da cidade; ele pegou dois metrôs conosco, andou mais alguns quarteirões e nos entregou ao atendente certo que nos venderia um cartão SIM.

Poderíamos contar muitas outras histórias de momentos especiais que vivemos ao redor, em diferentes cantos do globo. Pessoas incríveis que cruzaram nosso caminho na hora exata e que foram responsáveis por memórias como esta, que serão mantidas para sempre. Viajar tem essas coisas!

Depois de um tempo, viajar acaba se tornando uma rotina. Como é para você?

Viajar é nossa rotina! Hoje em dia, não podemos ficar parados por muito tempo. Nós somos um daqueles que durante uma viagem já estão planejando a próxima. No entanto, mesmo viajando é possível desenvolver uma rotina de alimentação, exercícios, trabalho e diversão. Não vamos dizer que é fácil, mas estamos sempre tentando evoluir nessas questões. Algumas curiosidades da nossa rotina:

  • Acordamos sem um despertador; gostamos de respeitar nosso corpo e nossa mente.
  • Temos 2 refeições por dia (mesmo antes de ficar na moda, já praticamos jejum intermitente). Nos sentimos bem com 2 refeições e gostamos de comer quando estamos com fome, não quando o relógio marca o tempo.
  • Temos uma rotina de beleza de “baixa manutenção”, como gostamos de dizer. Eu (Giu) me libertei de muitas coisas que levaram muito tempo do meu dia e hoje elas não são mais necessárias. Eu não uso maquiagem. Eu não pinto minhas unhas (eu só tiro as cutículas). Eu também deixo meu cabelo crescer para que eu não tenha que cuidar dele todo mês. Ser capaz de fazer um rabo de cavalo é muito prático em certos lugares.

A lista pode continuar, como muitas coisas que temos readaptado por anos. Vou deixar uma dica para mulheres que se importam muito com a beleza: homens gostam de mulheres divertidas, um sorriso no rosto pode brilhar muito mais do que um batom, um cabelo ao vento pode ser muito sexy e o visual natural pode ser tão (ou mais) bonito do que o falso.

Toda essa mudança, foi o Elton que sempre me estimulou. Desde que nos conhecemos, ele sempre preferiu me ver de jeans e camiseta do que de salto alto (acredite ou não, naquela época, eu só usava salto alto). Ele sempre me elogiou quando eu me tornei mais confortável e mais natural. Hoje, me sinto bem como sou, me sinto linda sendo natural e tenho muito mais tempo para me divertir e aproveitar a vida de uma forma mais leve e despreocupada.

Sente falta de ter um porto seguro?

Ainda não, mas estamos sempre procurando nosso porto seguro. Quando estamos em um novo lugar, imaginamos como seria nossa vida lá e entre uma conversa e outra, sempre discutimos os melhores destinos na opinião de cada um. Temos alguns favoritos, mas ainda estamos procurando por aquele lugar especial que pode se tornar nosso porto seguro um dia.

O planeta Terra é imenso e você já conheceu boa parte dela. O que mudou na percepção do seu mundo?

Como minha mãe (Giu) diz, viver é uma arte! Sempre tentamos viver a vida intensamente e fazer essa jornada valer a pena. Hoje, depois de realizar muitos sonhos, gostaríamos de poder mostrar às pessoas que nos seguem como é simples viver bem.

Em todo o mundo, observamos que há pessoas que sabem viver e outras que não têm ideia do que isso significa. A maioria das pessoas desperdiça muita energia em coisas supérfluas, que não valem a pena, enquanto a vida continua.

Se pudéssemos ajudar alguém a mudar apenas uma coisa, seria isso. Viva o que é importante para você, seja feliz com as coisas mais simples da vida e seja grato por estar aqui, esse é o maior presente que recebemos! Viva simples e sonhe grande!

“Tempos melhores por vir” como você vê o futuro no curto prazo, você é positivo?

Somos sempre positivos, acreditamos que viver no mundo de hoje é muito mais fácil do que costumava ser, temos muito mais liberdade, oportunidades e conveniências.

O que está acontecendo por causa dessa pandemia não é a primeira vez, nem será a última. Precisamos nos adaptar à nova realidade e fazer nossa parte para diminuir o impacto. Assim como outras epidemias, pandemias, pragas, etc. foram contidas, esse vírus também será ou nos adaptaremos para viver com ele.

Antes de visitar um novo destino, quanto tempo você precisa para se preparar e quais são os principais pontos que você leva em consideração nesta preparação?

Não gostamos de fazer planos de longo prazo; preferimos organizar uma viagem em algumas semanas ou dias. Hoje, não precisamos de muito tempo para nos prepararmos; pelo contrário, nos sentimos confortáveis mesmo em viajar sem fazer muitos planos.

Para quem viaja de férias, é bom organizar cada detalhe, já sentimos um pouco de viagem sozinhos com esse planejamento. No entanto,; quando você vive viajando, não faz muito sentido parar de viver o momento naquele lugar onde você está, planejar o próximo destino de uma maneira meticulosamente.

Hoje organizamos apenas o que é extremamente necessário para a nova viagem e o resto que organizamos ao longo do caminho. O que normalmente organizamos antes: nossa acomodação gratuita! Tendo confirmado isso, agora podemos comprar os ingressos e começar a aventura. Eliminando a principal despesa da viagem, o resto é fácil.

Viajar hoje só é difícil e caro para quem não tem informação. Quanto mais você viaja, mais fácil cada nova experiência fica.

Quanto você compartilha sua “brasilidade” com as pessoas que você encontra ao longo do caminho e quanto você leva com você?

Sempre que possível, gostamos de mostrar nossa cultura aos novos amigos que fazemos ao longo do caminho. Já fizemos churrasco para osgringos, Pães brasileiros,  Strogonoff, Brigadeiro e Caipirinha da Cachaça,claro!

Hoje em dia trago meu violão em minhas viagens (Giu) e às vezes toco minhas músicas favoritas de casa. Há alguns dias, fui surpreendida por uma amiga americana que reconheceu uma música de Marisa Monte, famosa cantora brasileira. Ele não fazia ideia de qual música eu cantava, mas dizia que soava como Marisa Monte. Isso é incrível, não é?

Bem, o quanto tiramos das pessoas que conhecemos ao longo do caminho… Muito! Hoje, não sentimos que pertencemos a lugar algum, somos a mistura de todos os lugares que estivemos. Um que viaja para longe, acaba se sentindo como um estranho em sua própria terra. Não sei de quem é essa citação, mas concordo plenamente com isso. Somos as únicas pessoas semelhantes que conhecemos, porque vivemos as mesmas experiências juntos e também aprendemos juntos tudo o que sabemos hoje. Isso é loucura!

Você ainda mantém contato com algumas das pessoas com quem você se conectou em suas viagens?

Muitas pessoas! Hoje, podemos dizer que temos amigos em todo o Globo, não só amigos humanos, mas também os animais que cuidamos. Temos um pedaço do nosso coração em cada canto que fomos e muitos amigos especiais. Os donos da casa onde ficamos de graça, sempre que eles vão viajar, eles nos convidam a voltar. Já voltamos em várias casas e temos portas abertas em várias cidades ao redor do mundo.

Sempre que estamos por perto, também visitamos queridos amigos, saímos para jantar, nos atualizamos.

Em março, estávamos em Bali e um amigo italiano (Susy), que nos acompanha em nossos canais, nos enviou uma mensagem dizendo que seu filho morava em Bali e que ficaria muito feliz se nos conhecêssemos. Fizemos uma surpresa para o filho dela no restaurante onde ele trabalhava; Foi muito divertido. Ele nos reconheceu imediatamente, lembrando-se das histórias que sua mãe tinha contado sobre nós. Quando dissemos à Susy que estávamos lá, ela compartilhou no grupo da família para que todos pudessem aproveitar esse momento conosco.

É muito agradável viajar e fazer amigos ao redor do mundo e, de vez em quando, encontrar queridos amigos novamente! Temos muitas histórias para contar.

Qual você acha que é o mais difícil quando você está conhecendo uma nova cultura? Alguma dica de ouro para evitar problemas?

O que consideramos mais difícil é a adaptação nos primeiros dias, principalmente em países com culturas muito diferentes. Seguimos o lema: “Quando em Roma, faça como os romanos fazem.” Observamos e tentamos nos adaptar o máximo possível ao novo país para que possamos desfrutar dessa experiência e também não nos sentirmos como um peixe fora d’água. A dica é: não julgue antes de conhecer melhor e tente se adaptar aos novos costumes. Afinal, você é o estrangeiro!

Hoje, depois de muitas viagens e histórias, o que mais mudou em você? Como suas experiências afetaram a maneira como você olha para a vida?

Hoje, somos outras pessoas. “Nenhum homem nunca pisa no mesmo rio duas vezes, pois não é o mesmo rio e ele não é o mesmo homem.” Heráclito de Éfeso

Uma coisa que mudou na forma como enfrentamos a vida é o desprendimento. Hoje, valorizamos muito mais a diversão do que ter! Aqueles que nos conheciam lá atrás ou aqueles que acompanhavam esse processo de transformação em nossos canais viram o quanto acumulamos ao longo dos anos e o quanto deixamos para trás.

O que podemos dizer o máximo que mudou em nossas vidas é esse peso que tiramos de nossas costas e que não perdemos hoje. Acreditamos que de todas as mudanças que sofremos, esta foi a maior e provavelmente a que mais nos impactou, começando essa nova vida fora da caixa.

Você começou esse caminho com uma ideia, quanto desse objetivo já aconteceu e quanto você ainda gostaria de alcançar?

Quando começamos isso, não tínhamos muita ideia de onde queríamos ir. A única certeza era que queríamos realizar essa jornada. Estamos felizes por ter conquistado nossa liberdade geográfica, poder viver de nossa paixão e estar ajudando outras pessoas a realizar o mesmo sonho.

Hoje, temos alunos que estão viajando, assim como nós, e que foram capazes de tornar esse sonho possível com a ajuda do nosso treinamento. Para onde queremos ir? Ainda não sabemos, mas estamos em movimento, curtindo esta jornada e esperamos não parar tão cedo. As possibilidades são infinitas para quem não para de sonhar.

Quais são as maiores dificuldades e o maior prazer desse tipo de vida/estilo de vida?

A maior dificuldade: não poder levar todos que amamos nessa jornada, faltando os que deixamos para trás e o maior prazer: viver várias vidas, uma em cada lugar.

Algum lugar que você ainda não visitou e gostaria de ir e por quê?

Muitos! Ainda há muitos lugares para visitar. O Japão é um deles. Passamos 6 meses na Ásia, mas ainda não tivemos a oportunidade de visitar o Japão. Países com culturas muito diferentes das nossas nos fascinam. É uma oportunidade de aprender coisas novas e vivenciar uma vida completamente diferente. Vamos gostar do Japão? Apenas por

tendo essa experiência que saberemos!

Respostas rápidas:

Comida Estranha: Salsicha em cascata com batatas fritas de cacto em um restaurante no Arizona.

Lugar para voltar várias vezes: Bali.

Sabor inesquecível: Pad Thai nas ruas de Bangkok/ Margherita Pizza em Nápoles/ Waffle em Bruxelas/ Pottery Kebab na Capadócia/ Gelato em San Gimignano…

Viajar é…  mudando as roupas da alma.

Quantos países você visitou?  30.

Quantos anos nessa jornada? Quatro anos e meio.

Um lugar para sempre voltar: Califórnia.

Um arrependimento: não ter passado nossa lua de mel em Paris.

Um sonho realizado: Assista a uma ópera em Veneza/Veja um show de Elton John no Hyde Park/Marry em Las Vegas/Balão voando/Pedal ao redor de Amsterdã.

A melhor coisa de viver na estrada é: nunca ter uma rotina.

A coisa ruim sobre sempre viajar: pessoas desaparecidas e lugares.

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